Em agosto, minha mãe Jussára faleceu aos 58 anos por causa de uma pneumonia complicada, diabetes e infecção. Em três dias ela se foi, rapidinho, doído pra nós que ficamos, mas ótimo pra ela que não sofreu e nem ficou numa situação vegetativa ou coisas do tipo.
Eterna fã dos Beatles. Mãe figura, engraçada e um tanto quanto tradicional. Mulher corajosa, mandona, inteligente e culta. Minha mãe era a estrutura da família toda, a única dona da casa. Meu pai e eu nos acostumamos com todas as coisas que ela gostava e a casa é recheada de antiguidades, coleções e decorações que minha mãe escolhia a dedo.
Como filha única, a minha única obrigação era ser mimada. Qualquer coisa que eu precisasse, eu gritava pra ela. Qualquer dor, cansaço ou denguinho, ela me colocava no colo e dizia "a mãe vai lá xingar essa gente". Se eu sofria, ela sofria e chorava junto. Se eu ficava feliz, ela ria e pulava abraçada em mim. Eu e minha mãe éramos unha e carne. Brigávamos e fazíamos as pazes em alguns segundos e dizíamos uma pra outra "eu te amo" o tempo todo. Durante o dia, nos ligávamos milhões de vezes e às vezes ela dizia "Oi tudo bom?", eu respondia que sim e ela "Então tá bom" e desligava.
Sem essa mãe me vi a dona da casa, a rainha do lar. O que fazer? Eu sempre soube tudo na teoria, arriscava algumas coisas. Mas quando chegou a hora de lavar as roupas escuras não sabia se podia colocar as roupas pretas, cinzas e marrons juntas.
Em dois meses já aprendi tanta coisa que é surpreendente. Em dois meses já me adaptei a situação que é supreendente. Em dois meses a saudade é surpreendente. Mas eu aprendi com ela que temos que ser práticos e vou dando um jeitinho pra tudo.
Esse blog é uma modesta vontade de dividir, com quem for corajoso pra aparecer, as coisas que venho aprendendo em relação às "lidas da casa" e de tudo que já paguei de mico nas tentativas.